Parlamentar acredita que Salvador terá em pouco tempo o Hospital do Homem
O deputado estadual Roberto Carlos (PV) acredita que Salvador terá em pouco tempo o Hospital do Homem. “O projeto está tramitando e em breve vamos ter sucesso”, afirma. Também autor do projeto de lei que concede à mulher a opção de escolha pelo parto cesáreo ou normal na rede pública de saúde, ele também se diz defensor do mercado informal, dos direitos do consumidor e do esporte. Em seu quinto mandato e recém-desfiliado do PDT depois de 32 anos, ele ainda garante: “Fiquei onde sempre estive, na esquerda”. Confira nesta entrevista também transmitida pela TV Alba (canal aberto 12.2 e 16 na Net).
O senhor, depois de mais de 30 anos no PDT, resolveu deixar o partido e se filiar ao PV. Qual foi o motivo?
O PDT foi para outro projeto político e eu fiquei no meu projeto político, na esquerda, defendendo os meus ideais. Confesso que foi uma decisão muito dura, mas tive que optar por um novo partido e escolhi o PV, partido também histórico, importante para o Brasil, principalmente em defesa das causas sociais, do meio ambiente, do Rio São Francisco, da Caatinga. Estou muito feliz em estar no PV agora.
Mas o senhor chegou a se aproximar também do MDB, depois que o partido migrou para a base do governo Rui Costa. O que o impediu de se filiar ao MDB?
Na verdade, fui no anúncio da chapa de Jerônimo [Rodrigues] com Geraldo Júnior, no MDB. Lá, começamos a conversar com Lúcio Vieira Lima, e a imprensa, no momento em que eu estava conversando, disse: “Ó, Roberto Carlos então vai entrar no MDB”. Mas eu não tinha nada acertado nem com o presidente do MDB, tampouco com Lúcio. Foi uma simples aparição na sede do MDB. Não trabalhei pra ir pro MDB. Trabalhei sim, depois de ouvir meus correligionários, o governador Rui Costa e o senador Jaques Wagner, e ainda o ex-ministro Edson Duarte, para entrar no PV. Estamos fazendo uma reestruturação no partido em toda a Bahia e pode ter certeza absoluta: em pouco tempo o PV vai crescer muito e ajudar muito o nosso governador Rui Costa e o próximo a governar a Bahia.
Com o apoio do PDT à pré-candidatura de ACM Neto ao governo da Bahia, também já existia uma disposição do presidente estadual do partido, Félix Mendonça, de não tê-lo mais na sigla, uma vez que o senhor continuava afinado com o governo Rui Costa, não?
Eu era membro da executiva nacional há 18 anos. Aprendi a fazer política com Leonel Brizola, com [o presidente nacional do PDT, Carlos] Lupi, com [Alexandre] Brust, que foi por muito tempo presidente do PDT estadual. Gozava de prestígio no partido. Não era o deputado Félix Mendonça que ia pautar a minha vida política no PDT ou minha opção de escolher o meu candidato a governador da Bahia. E aí tomei a decisão, já que o partido entrou pra um outro grupo político, apoiando o ex-prefeito de Salvador. Fiquei onde sempre estive, onde sempre fiz política e onde sempre o PDT deveria ficar que é na esquerda. Conversei com o presidente nacional Lupi, ele pediu pra que eu não saísse do PDT, mas não tive outra opção. Não comungo com o pensamento do presidente estadual do PDT, Félix Mendonça, de estar na base aliada do ex-prefeito de Salvador, mas sim, ao lado do nosso governador Rui Costa e do nosso líder político Jaques Wagner. Nesses 16 anos de governo do PT a Bahia avançou e muito.
O que o faz acreditar que o governo liderado pelo PT vai ter continuidade na Bahia?
O nosso grupo é consolidado. Você pode ver com seus próprios olhos o desenvolvimento que a Bahia teve nesses 16 anos. O [ex-]governador [Jaques] Wagner foi o responsável pela abertura desse desenvolvimento. E muitos diziam que Wagner não seria um grande governador, porque não conhecia a Bahia bem. E, de repente, ele fez uma gestão muito boa. E aí passaram oito anos. “Ah, escolher um sucessor”. Muita gente apostava em outros candidatos que não fosse o Rui Costa. “Ah, mas Rui não é conhecido na Bahia, não tem o jeito de gestão”. E Rui é o melhor governador do Brasil, aprendeu a fazer política. É economista. A Bahia hoje está sendo um canteiro de obras, porque Rui fez uma gestão que diminuiu os gastos desnecessários. Ele investiu em todas as áreas na Bahia. Se formos falar em educação, são mais de três bilhões de reais de investimento. É uma revolução. Temos mais de 200 escolas de tempo integral construídas. As escolas que Rui Costa e Jerônimo estão construindo são escolas de primeiro mundo. Não perdemos pra nenhuma escola particular do Brasil. Na saúde, Rui e Wagner construíram mais de 18 hospitais públicos. Rui Costa construiu 26 policlínicas. E não tem obra mais importante de um político do que cuidar das pessoas. Foi o que Rui fez junto com o Wagner. E ao lado tinha quem? Tinha Jerônimo Rodrigues. Um cara que veio do interior, Aiquara, cidade de pequeno porte, e mostrou sua força espiritual, intelectual, de colaboração por onde passou. Foi secretário de Desenvolvimento Rural e fez muitos projetos importantes. Foi Secretário de Educação e fez essa transformação na Bahia. Hoje foi escolhido como nosso candidato e os prefeitos, a população, todos estão muito felizes com Jerônimo para suceder Rui Costa.
Em quase 20 anos de mandato, quais são suas principais causas na Assembleia Legislativa da Bahia?
Quando cheguei na Casa tinha como pauta o mercado informal. Aí, de repente, comecei a crescer na Bahia. Alguns não acreditavam, porque sou de origem muito simples. Fui camelô, barraqueiro, não tenho apadrinhamento político, não tenho herança política nem financeira e venci na vida. Meu pai sempre me dizia: “Meu filho, quando você estiver em uma função ou em uma missão, não deixe que ninguém lhe chame a atenção. Trabalhe muito pra corresponder à expectativa do povo”. E, assim, comecei a trabalhar firme. Peguei a bandeira do esporte, que é o meu forte, e comecei a trabalhar também a defesa do consumidor. E sempre olhando olho a olho no povo da Bahia, visitando os meus municípios. Gosto muito de conhecer o problema in loco, porque você vem com uma autoridade maior pra defender aquela causa. Por isso que minhas três bandeiras continuam sendo o mercado informal, defesa do consumidor e o esporte.
O senhor tem um projeto de lei que propõe a criação do Hospital do Homem. Por que que apresentou esse projeto?
Muita gente me questiona: “Por que criar o Hospital do Homem?”. Porque o homem precisa de cuidado. O homem é um pouco relaxado. Nós temos o Hospital da Mulher – e aqui quero abraçar o nosso governador Rui Costa que fez um hospital para a mulher –, mas os homens também ficaram me cobrando. “Mas, Roberto, se tem um hospital da mulher – e não é pra concorrer com a mulher –, por que não também o hospital do homem?”. Porque, muitas vezes, o homem do interior, pra vir fazer seu tratamento em um hospital de homem e de mulher, fica um pouco inibido, principalmente para tratamento de próstata, que é uma das causas maiores de câncer do nosso país. Vi que tinha esse hospital em outros estados, como em São Paulo. E aí levei a proposta ao governador Rui Costa, que gostou da ideia e pediu pra que eu conversasse com diretores do Hospital Roberto Santos, pra que a gente pudesse implantar dentro um hospital-dia pra fazer o Hospital do Homem. O projeto está tramitando e em breve vamos ter sucesso.
Também é de sua autoria um projeto de lei que concede à mulher a opção deescolha pelo parto cesáreo ou normal. Esse já não é um direito da mulher?
Tenho recebido muitas reclamações das mulheres, principalmente no interior. Quando ela está grávida e naqueles dias de ter o neném, muitas vezes o médico ou o próprio hospital retarda o nascimento do filho para esperar que a mãe tenha parto normal. E aí, muitas vezes, o filho nasce com sequelas, porque esperou muito tempo. Porque o parto normal é um parto mais barato, é um parto que não tem muitas complicações, mas pode ter muitas sequelas pra o filho e para a mãe. E, de repente, eu analisando, muitas mulheres me cobrando, por que não dar uma opção à mulher de dizer ao médico “doutor, prefiro que meu filho nasça de parto cesariano”.
Mas esse já não é um direito da mulher?
Não, ela não é consultada. Eu não quero aqui dizer que o médico vai ser obrigado a fazer o parto cesariano. Mas o que a gente quer com esta lei? Que a mulher possa ser consultada e dizer “olha, quero ter meu parto cesariano, não quero ter meu parto normal”. A mulher tem que ter pelo menos uma opinião sobre o parto que quer ter. O projeto é nesse sentido.
O senhor é natural de Uauá mas iniciou sua trajetória política em Juazeiro, onde foi vereador por três mandatos. Quais outros municípios representa e quais as principais demandas procura atender?
Represento vários municípios na Bahia, mas assim, com o prefeito, represento Juazeiro, a cidade de Sento Sé, que fica na região de Juazeiro; Pilão Arcado, Uauá, onde temos o prefeito Marcos Lobo; Abaré, Piatã, já na Chapada. Temos Ibipitanga, São Miguel das Matas, Biritinga, Gavião. São muitos os municípios que represento com o prefeito ou com lideranças políticas, e a demanda principal é calçamento e saúde. Claro que atrelado a isso a gente leva também uma escola, escola de tempo integral, escola com campo society. Eu que sou amante do futebol, estamos agora reformando o Ginásio de Esportes de Juazeiro e construindo seis colégios de ponta na cidade.
Aliás, o senhor é fundador e presidente da Sociedade Desportiva Juazeirense. O que tem sido feito para a Juazeirense ganhar um protagonismo ainda maior no futebol baiano?
Depois de ser presidente do Juazeiro por dois mandatos, fundei a Juazeirense que está brilhando na Copa do Brasil. No ano passado, a Juazeirense foi às oitavas de final da Copa do Brasil. Ganhamos do Santos de Pelé, do Cruzeiro de Ronaldinho, do Volta Redonda, ganhamos do Sport. E este ano estamos na mesma pegada, representando a Bahia na Copa do Brasil. Estamos na terceira fase, ganhamos do Grêmio Anápolis na primeira, ganhamos do todo poderoso Vasco da Gama na segunda fase, e agora vamos pegar o porco, o Palmeiras. E pode ter certeza: vamos comer o porco no estádio Adauto Moraes em Juazeiro, porque lá em Juazeiro somos muito fortes. Estamos há quatro anos sem perder uma partida no Adauto Moraes. Isso significa que em quatro anos nós disputamos 29 partidas e nessas 29 pegamos duas vezes o Vasco da Gama e ganhamos, pegamos o Santos e ganhamos, pegamos o Cruzeiro e ganhamos, pegamos o Bahia, pegamos o Sport, enfim, são duas Copas do Brasil, duas Copas do Nordeste, uma série C e duas série D, sem perder uma partida no Adauto Moraes. Por isso que a Juazeirense continua sendo a terceira força do futebol da Bahia pelo ranking nacional. Em breve seremos a segunda. Anote o que estou dizendo.