Quando penso que pela longa experiência que tenho na política nada mais seria capaz de me surpreender, eis que sou surpreendido com a fala do prefeito Bruno Reis que, para justificar erros de sua gestão, fica a inverter fatos.
O prefeito iniciou a coletiva atacando a Câmara e os vereadores. Na condição de vítima desses ataques e como presidente da Câmara, não posso deixar de me manifestar para restabelecer a verdade a sociedade e desconstruir essas versões falaciosas.
Assim, gostaria de lembrar ao prefeito que devido à sua origem no Legislativo e sua formação em Direito, além da convivência diária com seu irmão, que é um dos mais bem relacionados advogados da Bahia e seu conselheiro, Dr. Michel Reis, impede que ele passe por desinformado de como funciona uma Casa legislativa.
Não posso conceber que desconheça a Constituição, com o fito de criar inverdades para encobrir sua falta de trato na gestão administrativa de Salvador.
O prefeito foi deputado estadual e sempre me lembro, quando o deputado Marcelo Nilo, então presidente da Assembleia, o chamou de “Invertebrado”.
O prefeito Bruno Reis deve saber muito bem que pela Constituição deve ser respeitada a independência entre os poderes para que a democracia funcione na sua plenitude.
Não cabe ao Executivo se imiscuir em nossa Casa e dizer como ela deve funcionar, nem como os vereadores devem votar as matérias.
Para isso, existe o Regimento Interno, que serve para nortear o funcionamento da Câmara.
A contrário sensu, o prefeito insiste em me acusar e indiretamente os vereadores todas as vezes que o resultado não o agrada.
Por questão de Justiça devo registrar que o seu antecessor, o ex- prefeito ACM Neto, do UB , reconhecia muito mais o nosso trabalho à frente do Legislativo do que ele, a ponto de declarar que se entendia comigo pelo olhar e declarar seu voto para vereador em mim na eleição para vereador.
E ainda arrematou dizendo que, em suas palavras, “Bruno Reis precisaria da minha experiência e competência à frente da Câmara’ para ajudá-lo na sua gestão.
Continuo como presidente da Câmara e a mudança que houve foi Bruno no lugar de ACM Neto. Daí dá para deduzir que o responsável pelas crises existentes entre os poderes é de responsabilidade do atual prefeito e não minha ou daquele Poder que prefere estar sempre ao lado do povo e cumprir suas atribuições constitucionais, qual sejam a de legislar e fiscalizar os atos do Poder Executivo.
Não posso ser culpado pela saraivada de crises de sua gestão, a destacar a convocação legítima do seu secretário de Saúde que foi convocado, legitimamente pelos vereadores, para dar explicações sobre contratos da Secretaria beneficiarem empresas terceirizadas.
O que mais nos chamou a atenção foi a reação do prefeito que acusou os vereadores de manipulação e politicagem, proibindo o secretário de comparecer.
Não seria mais fácil ele comparecer e demonstrar que não existe nenhuma irregularidade nos contratos denunciados?
Lembro ainda que na minha reeleição, quando obtive em votação nominal , com ata assinada pelos vereadores, com os votos necessários, o prefeito de se deixou levar pela emoção, e fez várias críticas infundadas aos vereadores de sua base, os mesmos que deram quórum e me elegeram.
Nesse episódio mais recente da derrubada do veto ao aumento dos agentes de saúde, o prefeito esquece que foram os vereadores que aprovaram o projeto por ele vetado, existindo para tanto um desejo de beneficiar os agentes de saúde, o que se concretizou com a votação vitoriosa no plenário da Casa, conseguindo o quórum exigido e sem nenhum protesto da bancada governista.
O prefeito tenta, para desviar a atenção de mais uma derrota da sua fraca atuação de seus líderes na Casa, nos acusar de não seguir o Regimento para votação, quando está tudo gravado em áudio e imagem.
De sorte, que não há argumentos contra aquela Casa legislativa que respeitamos e defendemos.
O que mais nos chama a atenção é que o prefeito que hoje nos acusa de politicagem, para obter benefícios políticos eleitoreiros, é o mesmo que se utiliza desses métodos para beneficiar seu chefe.
A nomeação do presidente do PTB, numa instituição séria como a Arsal, em troca do apoio do partido para a eleição estadual, é escandalosa.
Seu chefe e por azar o presidente do PTB por conhecer o modus operandi do prefeito e de seu mentor, vinculou o anúncio do apoio à publicação no Diário Oficial.
Na sua fala, o prefeito ainda tem o desplante de dizer como devem funcionar as Comissões e as votações na Câmara.
Nunca nos manifestamos no sentido de apontar como deve ser conduzido o seu governo.
A autonomia dos poderes de nossa parte sempre foi respeitada, nos reservando o direito de, nas votações, apresentar emendas que possam melhorar as matérias.
Quero deixar claro que a nossa Casa não está disposta a compactuar com equívocos e erros do Executivo, sejam eles intencionais ou não.
O que o povo espera de nós é o direito de exercer o nosso trabalho com tranquilidade e independência.
Encerro dizendo ao prefeito que me respeito e quero apenas respeito. Estarei vigilante e com a coragem de quem tem a verdade ao seu lado a repelir energicamente qualquer ataque a minha honra e dos colegas, mesmo que alegue que não conhece o significado da palavra honra e que também respeite a classe trabalhadora da nossa cidade já tão sofrida com desemprego e com a grande carga de impostos , taxas e multas ilegalmente majoradas por iniciativa do ex prefeito ACM Neto e por seu Vice Bruno Reis .
Aconselho também ao prefeito que estude mais sobre a profissão de Agente de Saúde para ele descobrir a responsabilidade que eles têm de proteger a nossa saúde, chegando inclusive em lugares que outros funcionários não têm acesso.
Caso seja a vontade de Deus, sairmos vitoriosos no próximo 02 de outubro e, como vice-governador, poderei defender um Poder Legislativo independente em todos os municípios baianos, pois só assim esqueceremos a Bahia do Coronelismo e do atraso.