Monumento foi instalado em 1856 e já transitou entre três outros pontos da cidade
Instalado no Largo dos Aflitos em 1856, o Chafariz da Cabocla será restaurado pela Fundação Gregório de Matos (FGM). Um dos símbolos do 2 de Julho dentre os espalhados pela cidade, será restaurado em data próxima ao bicentenário da independência da Bahia e deverá voltar a jorrar água para a comemoração histórica, trazendo mais um marco para a comemoração.
O monumento já transitou entre três outros pontos da cidade antes de chegar ao Largo dos Aflitos, foram eles: o Largo da Piedade, o Largo Dois de Julho – o qual ganhou este nome pela presença do chafariz – e a antiga Praça dos Reis Católicos, na avenida Centenário. Confeccionado na Europa, em mármore de carrara (de origem italiana), o monumento carrega o simbolismo da representação do povo nativo do Brasil e a luta dos baianos pela independência.
As figuras do caboclo e da cabocla ocupam o topo dos chafarizes históricos da capital baiana como o do Terreiro de Jesus, no Pelourinho, e o do Pé do Caboclo, no Campo Grande. Mas para além do simbolismo, os equipamentos eram fontes de abastecimento de água da cidade, estruturados com grades e portões, por onde as pessoas atravessavam para pegar água para consumo próprio.
“Em meados do século XIX, foi criada a Companhia de Abastecimento de Água do Queimado (ou Queimadinho). Ela instalou fontes e chafarizes na cidade para abastecimento de água público, onde as latas d’água eram vendidas”, explica o urbanista e professor da Ufba, Francisco Senna.
O projeto foi o primeiro de abastecimento de água por canalização. A sede da Companhia funcionava na Liberdade, onde hoje está o setor responsável pela gestão do Neojiba (Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia), espaço que foi cedido à instituição no ano de 2014.
O caráter funcional dos chafarizes foi se encerrando ao longo dos anos, com o crescimento da cidade e consequente necessidade de mudança no sistema de abastecimento.
Muitos já foram retirados. Tem-se como exemplo a estátua de Cristóvão Colombo, presente na Praça Colombo, no Rio Vermelho, a qual era, originalmente, a parte superior de um dos chafarizes da cidade, antes localizado na Praça Castro Alves.
O que será reativado durante a restauração já que a fonte do Chafariz da Cabocla deve voltar a jorrar água. “Para que isto ocorra, a bacia deverá passar por um tratamento especial, sendo ainda pensado um sistema de segurança de cadeados embutidos, para evitar que a bomba seja levada por vândalos. E, em diálogo com a Semop/PMS, garantir a conservação do sistema hidráulico, semelhante ao que é realizado no Chafariz do Terreiro de Jesus”, detalha Milena Tavares, diretora de patrimônio e humanidades da FGM. Também foi solicitado, pela FGM, melhoria no espaço do entorno, para valorizar a requalificação.