O deputado federal Zé Neto (PT) respondeu o colega de parlamento Cacá Leão (PP-BA), que reagiu às declarações enfáticas do governador Rui Costa (PT) alegando traição dos aliados que votaram a favor da PEC dos Precatórios. Em conversa com o grupo A TARDEnesta sexta-feira, 5, o petista contemporizou e evitou entrar no embate com Cacá, e disse que quando ele cita que não vivemos mais no “coronelismo”, se refere à época anterior ao governo do PT no estado.
“Cacá deve tá falando do período antes de Wagner, que destruímos o coronelismo. Ele tá falando isso, que com a ajuda de Otto e apoio deles [PP], nós tiramos da Bahia isso de coronel, o tempo de coronel, o tempo da mentira”, disparou.
Apesar do respeito ao “amigo”, Zé Neto diz que toda a negociação para aprovação da PEC passa pelo interesse do “centrão” em engordar o orçamento paralelo, que são as emendas do relator, e que hoje políticos aliados do governo se beneficiam dos recursos repassados pelo Planalto.
O político de Feira de Santana ressalta que a matéria não especifica que será feito com o dinheiro, além dos R$ 30 bilhões que seriam usados para financiar o Auxílio-Brasil. A estimativa é que a pedalada possa dar uma folga de até R$ 90 bilhões no orçamento de 2022. Somente o acerto para o parcelamento do pagamento dos precatórios, para Zé Neto, não deveria ser suficiente para convencer os parlamentares, principalmente por se tratar de um governo que “não cumpre acordo”.
Presidente do PSD-BA, o senador Otto Alencar diz que foi responsável por levar o acordo ao governador da Bahia, que teria concordado no fim com o parcelamento dos precatórios fo Fundef. Segundo Zé Neto, o cacique tentou de “boa fé” um acordo para minimizar os danos em caso de aprovação da PEC na forma original.
“O problema é que o governo não tem credibilidade para fazer acordo com ninguém. Meu amigo Cacá, com todo o respeito, o ‘centrão’ quer uma parte deste dinheiro para fazer orçamento secreto. Isso eu sei que Otto não defende. A gente tem que acabar, botar as claras o que representa essa história de precatório. Também não está claro para onde vão na íntegra os R$ 91,6 bilhões. Reconheço que Otto e filho são aliados, estavam tentando com boa é uma solução para mediar, pois com Lira não tem mediação, ele atropela”, critica.
A postura autoritária de Lira, na visão de Zé Neto, já se comprova pela mudança no regimento para editar uma portaria já com a sessão no plenário em andamento. Ele permitiu o voto sem registro biométrico, que autorizou a participação e voto de parlamentares que estavam até fora do país. O projeto foi aprovado em primeiro turno por 312 votos a 144, uma margem apertada de 4 votos para o mínimo necessário.
Com exceção do deputado Paulo Magalhães (PSD), e da bancada do PT e do PCdoB, todos os outros deputados baianos votaram a favor da PEC. Na semana passada, o governador Rui Costa ligou para os parlamentares para tentar convencê-los de votar contra a medida.
Nesta quinta-feira, 4, Rui chamou de “traíras” os deputados que se posicionaram favoráveis à PEC, o que gerou forte crise institucional e repercutiu na base aliada.