A carta foi lida pelo presidente da Comissão Especial de Acompanhamento da Retomada de Eventos, Cláudio Tinoco (DEM), e foi enviada pela diretora da Fiocruz-Bahia, Marilda Gonçalves. Ela foi convidada para a audiência, mas não pode comparecer porque já tinha outro compromisso marcado, e disse, na carta, que consultou o Observatório Covid-19 da Fiocruz e que os membros chegaram ao consenso sobre algumas orientações.
“A primeira questão é que tudo dependerá do cenário no período que antecede o Carnaval, a partir de janeiro. Embora o cenário no Brasil esteja melhorando, não temos nenhuma garantia de que irá permanecer do mesmo modo, como está ocorrendo agora na Europa. Há ainda muitas incertezas e tudo dependerá da evolução da pandemia nos próximos meses”, diz o documento, que cita as festas de fim ano como termômetro para a pandemia.
A carta segue afirmando que a orientação tem sido de vacinar 80% da população para que haja segurança, mas que eventos como o Carnaval exigem ainda mais cuidados. “Considerando que o Carnaval é um evento de massa, com muitas aglomerações e circulação de pessoas, de outros estados e países, consideramos muito importante que a vacinação tenha avançado mais ainda, com pelo menos 90%”, diz.
Apesar das ressalvas, o Instituo acredita que anunciar a realização da folia e a exigência do passaporte da vacina, inclusive para estrangeiros, pode ajudar a intensificar a vacinação. “Neste sentido, seria importante que qualquer programação para o carnaval, e sabemos da necessidade de uma programação antecipada, poderia ser encarada como uma oportunidade para estimular a vacinação das pessoas, principalmente dos jovens”, afirma.
Após a leitura da carta, representantes de diversas entidades de classe se alternaram na tribuna com argumentos favoráveis e contrários a realização da festa. Alguns disseram que o carnaval não é o vilão, que as pessoas precisam trabalhar, que a vacinação está avançada e que não faz sentido fechar Salvador com as outras cidades abertas.
Quem é contra diz que as aglomerações são um problema e o Carnaval é uma aglomeração, que os números da pandemia permanecem os mesmo desde setembro, sem aumentar, mas também sem reduzir, e que a vacinação sozinha não resolve. O presidente da comissão, Cláudio Tinoco, avaliou a audiência de forma positiva e disse que ela cumpriu o propósito de debater o tema.
“A Fiorcuz considerou pelo menos dois cenários para organizar o Carnaval. Em um deles, com a pandemia controlada e sendo possível a realização das atividades. Em outro, com recrudescimento da pandemia e sendo limitado o número de atividades. Estou indo à São Paulo conversar com o secretário responsável pela organização do Carnaval de rua deles para entender quais medidas eles estão adotando e depois vamos elaborar um relatório”, disse.
O documento vai reunir a discussão ocorrida nas audiências e as informações colhidas na viagem, e será discutido pela comissão na segunda-feira (29). A audiência começou às 9h30 e durou 4h. Atualmente, a Bahia está registrando entre 400 e 500 novos casos de Covid por dia. O dado é mesmo desde setembro, o que tem preocupado os especialistas. Em Salvador, 286 mil pessoas ainda não foram tomar a segunda dose e a dose de reforço.