Everaldo Anunciação é integrante da corrente petista CNB, a mesma do ex-presidente Lula
Ex-presidente do PT baiano e membro do diretório nacional do partido, Everaldo Anunciação reconheceu nesta quinta-feira, 3, que o senador Otto Alencar (PSD) é o favorito para ser o candidato ao governo do grupo político do qual faz parte o PT, após a desistência do senador Jaques Wagner (PT) em concorrer ao cargo.
“O óbvio é que a liderança do governador Rui Costa permanece, com os partidos, e há um sentimento lógico de que o nome de Otto ganha esse protagonismo. Mas essa definição não pode ser só do PT”, declarou Everaldo, integrante da corrente petista Construindo um Novo Brasil (CNB), a mesma do ex-presidente Lula. Everaldo nega que o grupo tenha batido o martelo em apoio a Otto e diz aguardar a reunião da executiva estadual do PT, nesta sexta, 4, quando o assunto será debatido.
“Hoje teve uma conversa para trocar informações, vamos aguardar a reunião da executiva estadual. Nossos membros da CNB estão em sintonia. Tinha consenso em nome de Wagner, mas ele declinou, e a gente respeita. Nós vamos em busca dessa unidade no PT e entre os partidos aliados”, acrescentou o ex-presidente do PT na Bahia.
Entre os integrantes da CNB na Bahia, estão o secretário estadual de Desenvolvimento Rural (SDR), Josias Gomes, e os deputados estaduais Rosemberg Pinto e Paulo Rangel, entre outros.
Na quarta, 2, a corrente PT de Todas as Lutas foi a primeira a anunciar oficialmente apoio a Otto para disputar o governo, com Rui candidato a senador. O senador aguarda a pacificação do PT para assumir a candidatura ao Palácio de Ondina.
A mudança na composição da chapa – com Otto postulante ao governo e Rui ao Senado – causou reações no PT. Na última semana, o ex-presidente da sigla em Salvador, Ademário Costa, reclamou da “agência de notícias impondo a chapa majoritária” e afirmou que a militância partidária não aceitaria ficar de fora do debate. “Essa prática faz parte de um passado que nenhum quadro político do partido deve repetir, pois fragiliza e aniquila as instâncias partidárias do PT e enfraquece a capacidade do partido de apresentar políticas públicas para a sociedade”, disse Ademário, em nota.
Chefe de gabinete do deputado estadual Jacó e ex-integrante da executiva nacional do PT, Ivan Alex considera que o apoio expressado a Otto pela corrente PT de Todas as Lutas, da qual faz parte, atende a três pontos.
“Essa questão tem uma importância nacional também, para atrair setores do PSD para a campanha de Lula. A segunda coisa é que, do ponto de vista do estado, Otto em vários momentos demonstrou lealdade política, como no impeachment de Dilma. E temos o governador com 78% de popularidade. Isso vai desaguar onde? Na campanha de Rui ao Senado”, avalia. “Como é que faz? Todo mundo queria Wagner, mas ele desistiu”, completa.
Ivan compara ainda o atual debate ao que ocorreu em 2014, quando o PT discutia internamente para decidir o seu candidato ao governo entre Rui Costa, José Sergio Gabrielli, Walter Pinheiro e Luiz Caetano. “Quando decidimos por Rui também foi um cenário complexo. Todo mundo dizia que era difícil, que o candidato era fraco. Eram três outros grandes nomes, Gabrielli tinha apoio de Lula. Rui parecia um dos mais fracos, individualmente”, afirma.