Após a Câmara Municipal de Salvador aprovar um requerimento estabelecendo um prazo para decidir sobre a realização do Carnaval, o governador Rui Costa afirmou que não vai aceitar ultimatos de ninguém. Nesta quarta-feira (10), ele voltou a dizer que vai continuar pautando suas decisões a partir dos números da pandemia e afirmou que o número de contaminados pela covid-19 parou de cair há 60 dias.
Rui relembrou os diversos protestos e manifestações que atravessou durante a pandemia por manter regras sanitárias mais rígidas, mas que isso trouxe como resultado a segunda menor taxa de mortalidade por covid-19 no Brasil. “Nós passamos por grandes turbulências, tivemos carreatas, buzinaços, e nós ultrapassamos isso tudo. Eu imagino que cada baiano possa se orgulhar que quando a gente olha os 27 estados e olha o número de mortes e olha a Bahia com a segunda menor taxa de mortalidade de covid do Brasil. Tenho que me orgulhar do que fizemos”, completou.
Para o governador ainda é cedo para decidir sobre a realização do Carnaval, pois o futuro da pandemia é incerto. Rui ressaltou que uma decisão precipitada pode trazer outros prejuízos. “Nós não vamos anunciar nenhuma festa de forma precipitada. Se anuncia hoje que terá Carnaval, e em dezembro os casos explodem, eu vou ter que cancelar, e eu vou ser processado por vários empresários, alegando prejuízos. Do mesmo jeito que se eu anunciar que não vai ter Carnaval, e em dezembro os números caírem, por que não fazer?”, explicou o governador, que disse entender o apelo dos empresários por uma resposta mais rápida.
“Se as coisas estiverem bem, nós sabemos fazer carnaval, em um mês a gente tem condições de organizar o Carnaval para o povão. Tem condição de contratar trio, artistas. Evidente que quem precisa empresariar o Carnaval, precisa de mais tempo. Eu gostaria de tomar essa decisão, mas não tomarei de forma pressionada”, finalizou.
‘Prazo é da doença’
A secretária estadual da Saúde (Sesab), Tereza Paim, também disse que ainda é precoce tomar a decisão. Nesta quarta-feira (10), a secretária afirmou que a discussão é permanente e tem embasamento científico.
“O prazo é o prazo da doença e a gente precisa respeitar isso, com base científica. As pessoas precisam estar vacinadas e precisam continuar usando máscaras. A qualquer momento, se a curva diminui ou ela aumenta, a responsabilidade é do governo o estado. Portanto, ainda é precoce ter qualquer afirmação em relação ao Carnaval. No momento certo, exato, nós vamos ter [uma resposta]”, disse a secretária.
Requerimento na Câmara
A Comissão Especial de Acompanhamento da Retomada dos Eventos da Câmara Municipal de Salvador (CMS) aprovou um relatório, nesta terça-feira (9), com 10 recomendações sobre como deve ocorrer a festa após a pandemia da covid-19, e deu um prazo de 5 dias para que o prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), e o governador da Bahia, Rui Costa (PT), cheguem a uma definição sobre o Carnaval de 2022. O documento foi obtido com exclusividade pelo CORREIO.
A Comissão indica aos gestores que o Carnaval será de forma reduzida. Pelo texto, não haveria Fuzuê, Furdunço ou Pipoco: a festa terá, no máximo, sete dias, e não 10, como oficialmente acontece. Para entrar na folia, é preciso apresentar o comprovante de vacinação com as duas doses da vacina contra o novo coronavírus, que serão conferidos por meio de acessos e portões de controle, com a ajuda da Polícia Militar da Bahia (PM-BA). A entrada de turistas nos portos e aeroportos será controlada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O vereador Claudio Tinoco (DEM), presidente da Comissão, ressalta que o documento é uma recomendação e um resultado das opiniões ouvidas nas duas audiências públicas realizadas. Portanto, as medidas não são obrigatórias ou arbitrárias. “Este é o prazo limite para que as providências no âmbito do poder público e da iniciativa privada tenham condições de serem executadas. Uma licitação pode levar 90 dias para ser concluída, sem contar com o lançamento e comercialização dos blocos e produção”, explica Tinoco. De segunda (15/11) até 23 de fevereiro, data do Carnaval 2022, o período é de 100 dias.
Além de Claudio Tinoco, a Comissão que discute a retomada de eventos na Câmara é formada por oito vereadores: o vice-presidente Anderson Ninho (PDT), André Fraga (PV), Cris Correia (PSDB), Daniel Alves (PSDB), Leandro Guerrilha (PL), Marta Rodrigues (PT), Ricardo Almeida (PSC), e Sílvio Humberto (PSB). Com exceção de Silvio Humberto e Marta Rodrigues, os demais aprovaram o documento, que inclui também dados de queda dos indicadores da pandemia e aumento da vacinação.