Cortejado por diversos partidos até o final do último mês, o presidente da Câmara Municipal de Salvador (CMS), vereador Carlos Muniz optou por se filiar ao PSDB, partido da base do prefeito Bruno Reis (UB), mas com uma função estratégica: aproximar a sigla da base aliada do governador Jerônimo Rodrigues (PT) no estado.
Entrevistado pelo programa Isso é Bahia desta quinta-feira, 18, na Rádio A TARDE FM, Muniz confirmou que as conversas com o governo têm avançado e já podem ser consideradas como um “namoro”.
“É namoro…é alguma coisa que pode ser realizada. Hoje existe uma ponte que pode ser feita. Essa ponte não existia, e ela é Carlos Muniz que está fazendo. Há 30 dias, essa ponte não existia e nem tinha possibilidade de existir. Com a minha chegada ao PSDB, essa ponte já existe. No futuro, nós poderemos estar com o governador Jerônimo? Podemos, sim. Está dependendo de várias coisas ainda. Eu não faço nada sozinho. Quando entrei no partido, entrei para que o partido pudesse crescer, com liberdade e autonomia, principalmente na cidade de Salvador. Mas, não faço nada sozinho. O presidente estadual Adolfo Viana é uma pessoa que vai falar sobre isso, eu não faço nada sem falar com ele. Ele tem sinalizado que pode ajudar”, declarou o presidente do Legislativo soteropolitano.
Muniz deu detalhes, inclusive, de conversas que teve na última semana com o ex-prefeito de Salvador, Antônio Imbassahy, membro histórico do PSDB. Segundo ele, o aliado tem o mesmo desejo de ver o partido crescer.
“Tenho certeza que Imbassahy, assim como eu, ele quer que o PSDB venha a ter um crescimento que todos do partido esperam. Não só na eleição de 2024 e 2026. Se você não planejar, você não consegue ter um partido forte. Não dá para planejar só 2024. Não sei se ele [Jerônimo] consegue fazer, nacionalmente, isso [atrair o PSDB pro lado de Lula]. Mas, se for ver, o PSDB já se dividiu nas últimas eleições. Parte apoiou Bolsonaro e a outra parte apoiou Lula. Então, o PSDB não é o que as pessoas estão tentando mostrar, de que não pode em momento algum apoiar Lula hoje”, pontuou.
O presidente da Câmara revelou quais foram os motivos da escolha pelo PSDB, apesar do assédio de outras siglas pela sua filiação.
“Por uma questão de liberdade, principalmente em Salvador. Fui conversar com Adolfo e ele foi o único presidente estadual que nos deu essa liberdade de negociação para fortalecer o partido hoje em Salvador. e pode ter certeza que amanhã será na Bahia e no Brasil. Se não existiam conversas com o governador Jerônimo, hoje passa a existir. Se não existiam conversas com o governo federal, hoje passa a existir. O PSDB quer ser protagonista nas eleições de 2024 e 2026. Para isso, temos que conversar com todos os players”, disse Muniz, explicando se a sigla não está interessada em permanecer na base do prefeito e figurar ao lado do Governo do Estado.
Após sua filiação ao PSDB, a relação de Muniz com o vice-governador Geraldo Júnior (MDB), seu aliado, foi colocada à prova. O presidente da Câmara fez questão de afastar qualquer rumor e garantiu apoio ao amigo.
“Geraldo Júnior é um irmão que a vida me deu. Meu sonho era que ele fosse prefeito de Salvador. Agora, nessa eleição, se todas as forças que apoiaram Jerônimo apoiarem Geraldo Júnior, eu mesmo no PSDB, mesmo ele decidindo ficar com Bruno Reis, eu tenho a liberdade do presidente estadual para ficar com Geraldo Júnior. Está pactuado na minha filiação”.
“Se Geraldo unir essas forças e ser candidato, ele terá, incondicionalmente, o meu apoio. Geraldo sabe que mesmo que ele não reúna essas forças e queira ser candidato, eu posso também não estar. Ele, na minha visão, é a candidatura mais forte de oposição a Bruno Reis. Mas essa pode não ser a visão do grupo político dele. Ele não pode ser candidato de si mesmo. Ele precisa ser candidato do grupo. O PT já errou nas últimas quatro eleições municipais”, disse, destacando que tem pretensão de se manter na Câmara.
“A minha pretensão pessoal é continuar na Câmara. Mas não é a minha pretensão pessoal que vai dizer o que eu vou fazer na política. Eu participo de um grupo e esse grupo pode me convocar para uma outra coisa, como por exemplo, uma candidatura para a Prefeitura. Eu não tenho problema quanto a isso, não tenho apego a cargo político”, completou.