A infectologista e diretora do Instituto Couto Maia, Ceuci Nunes, durante a audiência pública “Pandemia, Saúde e Carnaval 2022”, realizada pela Comissão Especial de Acompanhamento da Retomada de Eventos da Câmara Municipal de Salvador, considerou que não há tempo hábil para que se consiga alcançar cobertura vacinal a tempo de realizar o Carnaval de 2022, que começaria em 23 de fevereiro do próximo ano.
“O que a gente tem que focar é em pedir aos baianos que tomem a segunda dose, para completar os seus esquemas [vacinais] para ter a segurança de fazer uma festa dessas, mas eu acho que, agora para fevereiro, isso está muito em cima”, disse Ceuci Nunes, durante a audiência pública realizada na manhã desta terça-feira (23), no Centro de Cultura da Câmara. A médica disse que “essa decisão [da realização do Carnaval] tem que ser muito pensada; a gente precisa salvar vidas, evitar que mais baianos morram”.
A infectologista Ceuci Nunes salientou a necessidade de evitar um novo colapso no sistema de atendimento à saúde, devido ao fato de não haver abertos o número de leitos que havia antes. “É um risco grande, na minha opinião, a gente fazer uma festa dessas proporções”, disse Ceuci, que participou remotamente do evento. A audiência pública foi proposta pela Comissão Especial de Acompanhamento da Retomada de Eventos, que é presidida pelo vereador Claudio Tinoco (DEM).
A coordenadora do Centro de Operações de Emergência em Saúde da Secretaria Estadual da Saúde, Izabel Marcílio, que representou a secretária Tereza Paim, salientou a necessidade de dar a terceira dose da vacina. Segundo ela, 50% dos pacientes internados em UTIs destinadas ao tratamento da Covid-19 já têm a segunda dose tomada.
A subcoordenadora de Controle de Doenças Imunopreveníveis, Doiane Lemos, que representou o secretário municipal de Saúde, Léo Prates, apontou que mais de 300 mil pessoas em Salvador não compareceram para tomar a segunda dose da vacina. “Isso é uma lacuna muito preocupante”, salientou a dirigente municipal.
O presidente do Conselho Municipal de Saúde, Everaldo Braga, manifestou posição contrária á realização do Carnaval e sugeriu, inclusive, em momento mais inflamado da fala, o fechamento do Aeroporto de Salvador durante a festa. Já o presidente do Conselho Estadual de Saúde, Marcos Sampaio, enfatizou que é preciso, antes de falar em Carnaval, garantir um ambiente seguro. Ele salientou que não é momento para fazer uma “guerra de classes” entre os favoráveis e os contrários à festa.