O suposto esquema teria desviado mais de R$ 3 milhões da prefeitura de Jeremoabo
A Câmara de Vereadores de Jeremoabo, no nordeste da Bahia, instalou nesta terça-feira, 6, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar contratos assinados pelo prefeito do município, Deri do Paloma (PP), que favoreceriam diretamente o seu sobrinho Matheus Fernandes dos Santos. O suposto esquema teria desviado mais de R$ 3 milhões da prefeitura.
O caso se iniciou após investigação da Polícia Civil, liderada pela Delegacia Territorial de Jeremoabo, que identificou os contratos suspeitos da prefeitura com as empresas “Matheus Fernandes dos Santos – Peças e Acessórios”, “Adélio dos Santos Oliveira” e “Líder Peças e Serviços Para Veículos Automotores Eireli”.
Os contratos, feitos no âmbito da Secretaria da Educação de Jeremoabo, seriam direcionados para compra de peças automotivas e de serviços de manutenção de veículos escolares.
De acordo com a Polícia Civil, todas as empresas possuem o sobrinho de Deri do Paloma, direta ou indiretamente, como controlador. No caso da “Matheus Fernandes dos Santos – Peças e Acessórios”, a administração seria do próprio parente do prefeito, como o nome já indica. Já as outras duas empresas, a relação se daria através de laranjas.
Adélio dos Santos Oliveira, mais conhecido pelo apelido de “Ferrugem”, que seria um dos donos de empresa beneficiados no suposto esquema, trabalharia como funcionário em uma das oficinas de Matheus Fernandes, de acordo com denúncia de vereadores.
Já a “Líder Peças e Serviços Para Veículos Automotores Eireli” é, oficialmente, de propriedade de Geisa Camila Pereira dos Santos, irmã de Matheus Fernandes.
Como indício de que ambos seriam “laranjas” do sobrinho do prefeito da cidade, a Polícia Civil da Bahia indicou que todas as três empresas envolvidas no suposto esquema de desvio de dinheiro público possuem, como telefone de contato, o mesmo celular, registrado na companhia telefônica como sendo de propriedade de Matheus Fernandes dos Santos.
Com base nessas informações adquiridas em investigação da Polícia Civil, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) deferiu, no último dia 18 de maio, um pedido de quebra dos sigilos bancário e fiscal do prefeito Deri do Paloma, além de seus sobrinhos Matheus e Geisa, do mecânico Adélio Oliveira e da secretária municipal Alessandra Teixeira Ferreira, da Educação, que também é investigada no caso.
CÂMARA
Grande provocadora da investigação desde 2018, a Câmara de Vereadores de Jeremoabo resolveu participar ainda mais da apuração. Os parlamentares oposicionistas Antônio Chaves (PSD), Kaká de Sonso (PSD), Bino (PSD), Dedé de Manoel de Pedrinho (PSD) e Eriks de João Ferreira (PP) — ligados aos ex-prefeitos Tista de Déda (PSD) e Anabel de Tista (PSD) — conseguiram articular aprovar um requerimento para a instalação da CPI para investigar os supostos desvios de dinheiro público.
A CPI tem três membros, cada um deles indicado por uma bancada diferente da Casa, que tem apenas três partidos. Os nomes escolhidos foram Dr. Sidney Macedo (Republicanos), presidente da comissão; Jairo do Sertão (PP), como vice-presidente; e Neguinho de Lié (PSD), como relator da investigação.
O portal A TARDE entrou em contato com o vereador Kaká de Sonso (PSD), presidente da Câmara de Jeremoabo, que afirmou que o objetivo da CPI é acompanhar as investigações e auxiliar o Ministério Público na averiguação e na identificação de provas. Segundo ele, os trabalhos na comissão devem iniciar na próxima semana.
“Essa investigação ocorreu por parte do delegado do município, que mandou para o TJ em Salvador. Já teve decisão, com pedido de quebra de sigilo. E a gente, para andar junto ao Ministério Público Estadual, pensou em abrir uma CPI para acompanhar esses fatos, o acompanhamento do processo, questão de quebra de sigilo, essas coisas”, disse Kaká de Sonso.
Procurada pelo portal A TARDE, a prefeitura de Jeremoabo não atendeu aos telefonemas até a publicação da matéria.