Após as atividades suspensas por dois anos devido à pandemia da Covid-19, a tradicional festa da Nossa Senhora da Boa Morte, uma das celebrações religiosas mais importantes da Bahia, em Cachoeira, chega ao último dia nesta quarta-feira (17). Os festejos iniciaram no último sábado (13). O evento acontece sempre em agosto, mês dedicado à Nossa Senhora.
A Prefeitura de Cachoeira apoiou a celebração com o restauro e pintura total da Capela e da Sede da Irmandade. Além disso, foi dado todo apoio logístico e estrutural do evento, como as atrações musicais durante os dias da festa. No circuito da festa, a gestão municipal disponibilizou internet gratuita.
“A festa da Nossa Senhora da Boa Morte voltou a receber este ano, diversos visitantes do Brasil e do mundo, que buscam conhecer a nossa tradição que já dura mais de 200 anos. Essa festa é considerada Patrimônio Imaterial da Bahia desde 2010. São dias de manifestações culturais e religiosas que marcam todos pela beleza”, diz a prefeita Eliana Gonzaga (Republicanos).
Os festejos começaram com a missa, em seguida pela saída do corpo de Nossa Senhora da Boa Morte da Capela de Nossa Senhora D’ajuda, em procissão pela cidade. No sábado (13), o cortejo reuniu mulheres da secular Irmandade da Boa Morte, que percorreram as ruas segurando velas, todas vestidas de branco.
No domingo (14), ocorreu outra missa seguida de procissão, que representa o enterro de Nossa Senhora da Boa Morte. Neste momento, as mulheres se vestem com roupas nas cores preta e branca – exceto as “irmãs de bolsa”, que se vestem de branco em todos os dias festivos.
No terceiro dia de festa, nesta segunda-feira (15), a procissão foi acompanhada pela filarmônica local até a Igreja Matriz. Após a missa, as irmãs, na sede da irmandade, dançaram valsa. Nesta terça (16), ocorreu o samba de roda no Largo d”Ajuda e oferecimento de cozido.
No último dia da festa, nesta quarta-feira (17), vai acontecer, às 18h, um samba de roda e oferecimento de caruru. Há ainda a entrega da água e flores perfumadas que simbolizam a renovação do compromisso com a continuidade da vida.
A Irmandade
Pesquisadores indicam que o grupo surgiu no ano de 1810, em Salvador, a partir de mulheres escravizadas oriundas de países africanos. Elas celebravam Maria, a santa católica, mas também cultuavam orixás.
Autores afirmam que o nome se deu porque quando os negros eram maltratados sempre pediam para terem uma boa morte. Eles pediam a intercessão de Maria, para morrerem bem junto a ela.