Chamas teriam atingido áreas de cachoeira e nascente de rio
Quem mora na região de Cachoeira do Piancó, distrito de Jacobina, teve um dia de aflição ao ver as serras do local registrarem chamas que se aproximaram de nascentes de rios e cachoeiras ao longo do domingo (7). De acordo com denúncias dos moradores, o fogo começou por volta das 9h, após uma explosão ser ouvida nas serras do local, como conta Ana Maríllya Carneiro, 28, que mora em frente a uma área atingida pelo fogo.
“Eu estava em casa e era, mais ou menos, 9h15, quando ouvi uma explosão forte daqui. Fiquei sem saber o que tinha acontecido, mas logo depois percebi a fumaça subindo do alto da serra. Como a gente já sabe, por conta da seca, qualquer coisa vira fogo e uma explosão pode gerar um desastre. Fiquei já aflita quando percebi que tinha chamas e que estavam se alastrando”, conta ela.
Após perceber o incêndio, moradores da região, que são membros de uma brigada voluntária de combate a incêndio, subiram a serra para combater as chamas e evitar que chegassem às casas, cachoeiras e rios. Ícaro Rios, 23, condutor ambiental que faz parte da briga, relata que, ao chegar na origem do fogo, perceberam uma fiação que seria de uma dinamite detonada nas pedras do local.
“Entre guias e moradores da região, subiram 14 pessoas da brigada que não é formalizada, mas luta contra as queimadas nas serras que, infelizmente, já acontecem por conta da seca e agora têm essas atitudes criminosas. A gente subiu com enxada, foices e facões para combater as chamas e, no local onde começou, percebemos a presença de uma fiação de dinamite que explodiram lá”, relata Ícaro.
Os brigadistas passaram o dia no local tentando conter os focos de incêndio, mas relatam que as chamas se espalharam a ponto de chegar perto da região de nascentes de rios e de cachoeiras. “Nós fomos com as pessoas que tínhamos e tentamos de todo jeito, mas prejudicou uma área grande. A brigada da prefeitura de Jacobina só chegou por volta da meia noite para prestar apoio”, conta o condutor, que pede equipamentos para a brigada voluntária atuar em situações do tipo.
A gestão de Jacobina foi procurada para responder sobre o caso, mas não retornou sobre o assunto. Os brigadistas voluntários chegaram a receber uma bomba costal como apoio da brigada da prefeitura, mas afirmam que ainda é pouco para lidar com o fogo que é recorrente, seja por atitudes criminosas ou por causas naturais como a seca. Em dezembro, por conta da estiagem, a região chegou a registrar três dias de chamas em Piemonte da Chapada, outro distrito de Jacobina.
Moradores como Ana continuam preocupados com o problema. “A gente fica muito aflito porque vemos o fogo pegar na serra de frente de casa. Ficamos em um camarote de tristeza, vendo o incêndio chegar perto de Cachoeira e nascente de rio, que são riquezas naturais. A brigada da prefeitura tem o equipamento, mas por conta do deslocamento acabam chegando muito depois. Por isso, precisamos de ajuda para a brigada voluntária”, fala.
Os voluntários chegaram a abrir vaquinha para comprar equipamentos de proteção para brigadistas. Segundo moradores, uma denúncia foi protocolada junto ao Ministério Público e o Inema sobre a explosão que causou o incêndio no domingo. Os órgãos foram procurados pela reportagem, que aguarda retorno.
