Educafro Brasil pede indenização de R$ 143 milhões por mortes de líderes quilombolas
A Educafro Brasil, rede de pré-vestibulares, vai entrar com uma ação civil pública contra o governo do estado pelo assassinato da líder quilombola Mãe Bernadete. Na ação, será solicitada a indenização no valor de R$ 143 milhões.
Segundo o advogado Marinho Soares, que faz parte do Educafro, diz que a ação é também pelas mortes dos outros líderes quilombolas no estado ao longo dos anos. “Nós, do Educafro, decidimos entrar com uma ação civil pública contra o estado da Bahia pela ineficiência na proteção a Mãe Bernadete. Isso é uma ação coletiva, já que Mãe Bernadete é a 11ª líder quilombola assassinada no estado da Bahia”, explica.
Segundo ele, o objetivo é usar o dinheiro para garantir mais proteção às comunidades quilombolas. “Nosso objetivo principal é termos câmeras de filmagens conectadas em tempo real às bases policiais mais próximas aos quilombolos, e também à Secretaria da Segurança Pública para poder também trazer a sensação de segurança e evitar que outros quilombolas sejam assassinados de forma brutal e covarde como foi com a Mãe Bernadete”, afirma o advogado.
Frei David, fundador do Educafro e diretor executivo, cobra a responsabidade do governo do estado. “Nós queremos convocar o governador e o partido a que ele pertence para colocar a mão na consciência, porque o povo que elegeu ele foi o povo negro, foram as mulheres. Como agora permite que a milícia faça esse estrago com o povo negro? O poder da milícia é tão grande que a coisa está descontrolada”, cobrou.
Câmeras no quilombo
O quilombo onde Mãe Bernadete, 72 anos, foi assassinada tem sete câmeras de segurança, mas apenas três estão realmente funcionando.
Mãe Bernadete estava no programa de proteção por conta das ameaças que sofria por defender os direitos humanos e, principalmente, por lutar pela demarcação e titularização da terra onde fica o quilombo. As câmeras deveriam ajudar na proteção da religiosa, mas mais da metade dos equipamentos estavam desligados o que pode dificultar o trabalho da investigação.
Os familiares da líder quilombola deixaram o Quilombo Pitanga dos Palmares por conta própria, em busca de segurança, no mesmo dia em que a quilombola foi assassinada.
No último sábado (19), os familiares recusaram a proposta de proteção cedida pela entidade responsável pela execução do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH) na Bahia, a Organização da Sociedade Civil Ideas – Assessoria Popular. A família aceitou apenas uma escolta de segurança contínua (24h por dia), de responsabilidade da Polícia Militar do estado, por ordem do governador Jerônimo Rodrigues. Não há previsão sobre até quando os familiares serão escoltados.
Crédito: Arisson Marinho/CORREIO