As homenagens ao Senhor Bom Jesus dos Navegantes e a Nossa Senhora da Boa Viagem foram abertas nesta terça-feira (27), na matriz da Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, em Salvador. Às 6h, houve a alvorada, mas foi por volta das 8h, quando aconteceu o hasteamento da bandeira da Devoção à Nossa Senhora da Boa Viagem e ao Senhor Bom Jesus dos Navegantes, que os fiéis chegaram em maior número.
Logo em seguida, eles se dirigiram à igreja, para participar de uma oração e realizar a lavagem do templo, embalados por músicas de louvor. Isso mesmo: os bancos são removidos, e o chão da parte interna do local é lavado, diferentemente do que ocorre no Bonfim, onde as escadarias recebem água das baianas de acarajé.
Coordenadora de um grupo de oração na Boa Viagem, Maria Helena Nascimento, de 88 anos, é nascida e criada no bairro, e, sob influência de sua mãe, logo se viu envolvida com a paróquia. O envolvimento foi tamanho que de Maria Helena partiu a ideia de limpar o templo para a celebração a Bom Jesus e Nossa Senhora, há mais de uma década.
“A gente prepara o grupinho para que essa água invada nosso coração, para limpar todos os cantinhos sujos e termos um ano-novo melhor”, explicou a aposentada.
Igreja sinodal
O tema central das homenagens neste ano, ‘Unidos e guiados pelo Bom Jesus dos Navegantes, estaremos vivenciando uma Igreja sinodal’, é baseado num convite do papa Francisco ao sínodo — assembleia periódica de bispos do mundo inteiro — realizado entre o ano passado e o próximo.
“Quando vivemos uma igreja sinodal, nós estamos chamando as pessoas para uma comunhão, uma unidade”, afirmou a presidente da Devoção, Verônica Magalhães. Comunhão essa que será possível apenas porque o evento não sofrerá restrições, como nos dois últimos anos de pandemia.
A oportunidade fez a organização ganhar mais um adepto, o estudante Matheus Gomes, 15. Estreante na lavagem da paróquia, o adolescente também representava ali sua avó, ausente por dificuldades de locomoção.
“Eu vim porque queria agradecer todas as bênçãos que teve na minha vida durante esse ano, que foi difícil pra todo mundo”, contou Matheus, emocionado. “Isso é muito importante pra mim”, concluiu.
A festa, que tem seu ápice entre os dias 31 de dezembro e 1º de janeiro, é uma tradição de mais de 200 anos. Segundo o pároco da Boa Viagem, o padre Lucas Pirôpo, os fiéis devem aproveitar a ocasião para, além de agradecer, como o jovem Matheus, pedir bênçãos para o ano entrante.
“Esse é o momento que nós devemos deixar morrer, com Cristo, na cruz, tudo aquilo que não foi bom durante o ano e deixar ressurgir, com o Cristo ressuscitado, todas as coisas boas que nós esperamos para 2023”, disse o padre.
Ainda nesta terça, às 19h, haverá a Santa Missa, dedicada especialmente às famílias que moram no bairro onde está localizada a paróquia. Desta quarta (28) até a sexta (30), no mesmo horário, acontece o tríduo preparatório, com reflexões sobre subtemas. Por noite, são esperados de 200 a 250 fiéis no local.
Programação
Sábado (31):
– Às 9h, ida da galeota ao mar com a imagem do Senhor Bom Jesus dos Navegantes;
– Às 15h, Santa Missa de embarque, presidida pelo Arcebispo de São Salvador da Bahia e Primaz do Brasil, o cardeal Dom Sergio da Rocha;
– Às 16h30, início do translado da imagem, conduzida, em procissão marítima, até a Basílica Santuário Nossa Senhora da Conceição da Praia, no bairro do Comércio.
Domingo (1º):
– Às 8h, Santa Missa na Conceição da Praia, também presidida por Dom Sergio da Rocha;
– Às 10h, procissão terrestre da Conceição até o píer da Capitania dos Portos, local do novo embarque da imagem — diferentemente dos anos anteriores, ela desembarcará na Ponta de Humaitá e, na Boa Viagem, se encontrará com a imagem da Virgem Maria;
– Ainda às 10h, Santa Missa na Paróquia da Boa Viagem, em agradecimento pelo êxito da festa e em súplica pelo fim da pandemia, pela saúde de todos os devotos e benfeitores do Senhor Bom Jesus dos Navegantes e de Nossa Senhora da Boa Viagem.
Os festejos serão encerrados no dia 8 de janeiro, quando os devotos se encontrarão na Boa Viagem, às 15h30, para a recitação do Terço, seguida de Santa Missa.