Em tom de pré-campanha, o governador Rui Costa (PT) afirmou nesta quinta-feira, 4, que, apesar de “não ser candidato” no próximo ano, percorrerá todo o estado para pedir voto para todos aqueles que estiverem “ao lado de Luiz Inácio Lula da Silva”.
A declaração ocorreu horas depois da aprovação da PEC dos Precatórios, em primeiro turno, pela Câmara dos Deputados. Deputados de partidos aliados do PT na Bahia, como PSD e PP, votaram a favor da PEC, indo de encontro ao pedido de apoio feito pelo governador há poucos dias.
Entre os congressistas favoráveis à PEC estão Cacá Leão (PP), filho do vice-governador João Leão (PP), e Otto Alencar Filho (PSD), filho do senador Otto Alencar (PSD).
Na última semana, em publicação no Twitter, Rui escreveu: “Independente de filiações partidárias, espero que os 39 deputados federais eleitos pelos baianos votem para manter os recursos para a educação da Bahia, já assegurados pelo STF. É o anseio, principalmente, de estudantes, professores e pais de alunos”.
Em discurso nesta quinta, Rui elogiou alguns deputados aliados, em contraposição a críticas feitas a parlamentares alinhados ao governo Bolsonaro no Congresso.
“Eu não vou ser candidato ano que vem, mas vou rodar essa Bahia inteira e pedir ao meu povo para separar o joio do trigo. É revoltante o que fazem com o povo pobre do nosso país. É revoltante ver deputado eleito com o voto da população votando contra a Bahia, contra os baianos. Eu vou pedir voto para você, Joseph [Bandeira, pré-candidato a deputado], para Afonso [Florence], para Josias [Gomes], para todo mundo que tiver ao lado de Luiz Inácio Lula da Silva. Chega de deputado traíra, chega de gente que maltrata o nosso povo e vem aqui enrolar o povo com conversa mole”, discursou o governador, em Jaguarari, no centro-norte baiano, ao entregar obras de requalificação da BA-314 e anunciar investimentos em educação e abastecimento.
“O Brasil não aguenta mais. Lula ficou conhecido no mundo como um presidente que tirou o Brasil da miséria, que tirou 34 milhões da extrema pobreza. O que eles fizeram em pouco tempo? As imagens que circulam o mundo são de um povo atrás de caminhão de lixo catando comida, a gasolina a sete reais. Estão destruindo o nosso país. E não é só Bolsonaro, são os deputados aliados a ele. É bom tomar essa consciência, vou percorrer essa Bahia dizendo que quem estiver com esse tipo de gente não merece o voto do povo baiano”, acrescentou.
O chefe do Executivo estadual ainda comparou aliados de Bolsonaro a “portugueses que iludiam o povo indígena” no período da colonização. “Traziam espelhos, bugigangas, para iludir o povo indígena. Enquanto distribuíam espelhos, levavam o ouro embora. A mesma coisa esses deputados aliados de Bolsonaro querem fazer com a Bahia e o Nordeste. Chegam aqui distribuindo quinquilharias em troca dos milhões que estão tirando do povo baiano, do povo nordestino. Em troca da miséria que eles fizeram aumentar em nosso país”, disse.
PEC dos Precatórios
Ao falar especificamente sobre a votação da PEC, o petista disse estar “indignado”. “Toda vez que eu vejo a Câmara dos Deputados agredir, retirar recursos dos baianos, da educação, eu tenho uma profunda indignação com o que acontece no nosso país”, declarou.
A proposta prevê um limite para pagamento de precatórios (dívidas da União reconhecidas pela Justiça sem possibilidade de recurso), o que libera mais espaço no Orçamento, viabilizando o Auxílio Brasil.
A proposta flexibiliza o pagamento de precatórios do antigo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), que deu lugar ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), o principal fundo de financiamento da educação básica no país.
Segundo o governo do Estado, a União deve à Bahia R$ 8,7 bilhões em precatórios da educação. Em maio deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou o pagamento integral da dívida, com valores atualizados até novembro de 2020.